Resenha: A menina que não sabia ler

Título original: Florence and Giles
Autor: John Harding
Editora: Leya, 272 páginas
Resenha: O ano é 1891 é o local é a Nova Inglaterra. 
Florence e Giles são duas crianças cujos pais faleceram. Em decorrência disso, acabaram sob a tutela de seu tio. Uma pessoa ausente, que largou os sobrinhos à própria sorte em sua mansão escura e abandonada para viver sob os cuidados dos criados.
Florence era uma menina de 12 anos que tinha encanto pelas palavras. Mas havia um problema: ela não sabia ler. E não porque não queria, mas por proibição de seu tio, que, amargurado por acontecimentos passados, alegava que o conhecimento fazia as mulheres se rebelarem. Porém, tudo muda quando Florence encontra a biblioteca abandonada da mansão. Aprende a ler sozinha e acaba devorando os livros da biblioteca escondido, na companhia de seu irmão Giles. 
Giles, por sua vez, acaba sendo levado para um colégio interno. Florence conhece Theo, um menino alto, esguio e asmático, da mesma idade que ela, e eles acabam ficando amigos. Embora a saudade pelo irmão só aumentasse, tudo corria bem para Florence, que alternava seus dias entre os livros e a companhia de Theo. Giles não consegue acompanhar o ritmo da escola e acaba sendo mandado de volta para casa, para a alegria de Florence e Theo. Tudo ocorria bem naquelas primeiras semanas. Até o tio de Florence ter a ideia de contratar uma preceptora para eles, Srta. Taylor, a mulher que irá mexer na vida dos dois irmão da maneira mais brusca. É aí que o rumo da estória muda completamente. Quem vê essa capa e título tão amenos, nunca iria imaginar o quão perturbador é o livro. Nesse ponto ele me surpreendeu, que inicialmente pensava se tratar de um romance ou algo do tipo, e não de suspense. Porém, ao mesmo tempo em que o rumo da estória em si tornou-se surpreendente, o livro pode parecer um pouco decepcionante em certos pontos. O autor deixa dúvidas em certos pontos, como por exemplo:

- Quem eram os pais dos irmãos? Eles não sabiam nada a respeito, exceto que já haviam falecido. A única coisa revelada é que Florence e Giles eram meio-irmãos, eram filhos de mães diferentes. O autor mencionou os pais das crianças diversas vezes, dando a entender que isso tinha relevância no enredo, mas em momento algum revelou qual era a importância no mesmo ou no que esse fator influenciava.

- Por que Florence sonha sempre com uma mulher ameaçando seu irmão? Florence sofria de sonambulismo e quase sempre sonhava com essa mulher, mas não via o rosto dela. No final, o livro não deixou isso bem explicado e me deixou ficar na dúvida: A mulher era a Srta. Taylor? Ela fez parte do passado das crianças?

- Por que Florence foi proibida de ler por seu tio? Apesar de inicialmente ter dado um motivo, o autor deixa claro que o mesmo não era verdadeiro. Que existia um motivo maior, e não apenas por ela ser mulher.

O livro deixa, além dessas, muitas outras dúvidas. Sem contar com a do final: aquilo tudo vivenciado por Florence e por Giles realmente aconteceu? Na minha opinião, essa dúvida final em si é bem interessante e deu um toque especial no livro, embora ainda sim pense que algumas coisas deveriam ter sido melhor explicadas. Fora isso, é bem escrito e narrado em primeira pessoa (pela própria Florence).
Talvez a intensão do autor era realmente deixar os tais pontos pendentes no livro para que cada leitor possa imaginar e encontrar respostas para todas essas dúvidas, que foi o que eu fiz, e gostei do resultado. 
Recomendo para quem gosta de ler um suspense.

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